Chuvas excessivas têm causado transtornos na região Norte. Pelo menos 24 municípios do Amazonas e Pará decretaram estado de alerta ou emergência por conta de enxurradas, vendavais, inundações, erosões e surtos epidêmicos que ocorreram no final de fevereiro. De acordo com a Somar Meteorologia, as precipitações devem continuar intensas ao longo da primeira quinzena de março, o que pode provocar novas ocorrências.
Atoleiro impede passagem de caminhões na BR-163/ Fonte: Fotos Públicas
Segundo dados do CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), diversas cidades do Pará, como Breves, Marabá, Tucuruí, Cametá e a capital, Belém, registraram chuva acima dos 500mm durante fevereiro, considerado o maior volume dos últimos 10 anos na região pelo Governo do Estado.
Umas das cidades mais afetadas, Trairão, às margens do Rio Tapajós no sudoeste do Pará, sofreu inundações após a elevação do rio e ficou parcialmente isolada por conta do bloqueio na rodovia BR-163, principal via de acesso do município. Pelo menos três mil caminhões interditaram a estrada devido ao atoleiro em trechos não pavimentados que perduram desde a metade de fevereiro. Cerca de 12 mil pessoas foram afetadas pelo bloqueio.
Alagamento em Trairão por conta da cheia do Rio Patajós/ Fonte: Fotos Públicas
Já no Estado do Amazonas, a cheia dos rios impactou pelo menos 2,5 mil famílias desde o início do ano. Nas últimas semanas, duas cidades decretaram emergência, cinco entraram em alerta e outras sete em estado de atenção por conta das enchentes. Agricultores tiveram de iniciar mais cedo as colheitas de hortaliças e frutas para evitar perdas significativas nas áreas de várzea.
Chuva continua em março
Segundo o meteorologista da Somar, Celso Oliveira, o fim do verão ainda deve ser marcado por muita chuva em toda a região Norte. “Os Estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Pará e Amapá devem receber mais de 300 milímetros ao longo do mês, e existe o risco de novas ocorrências por conta do aumento do nível dos rios da bacia Amazônica”.
Os maiores volumes são esperados na primeira quinzena do mês, que promete ser mais úmida nestes Estados. Já na segunda quinzena, a chuva passa a se concentrar no oeste da região, entre o Acre e sudoeste do Amazonas, mas o alerta para cheias continua.
Inverno amazônico e La Niña
O período de precipitações que vai desde o verão até o início do outono é conhecido popularmente como inverno amazônico na região Norte. “Isto porque, apesar de coincidir com a estação mais quente do ano no Hemisfério Sul, este é um período de nebulosidade e temperaturas mais amenas nas áreas equatoriais por conta da nebulosidade e chuva constantes que deixam as temperaturas mais amenas nesta época do ano”, explica Oliveira.
As ocorrências deste ano não são surpresa na região, que costuma receber grandes volumes de chuva durante o inverno amazônico, no entanto, os eventos deste ano estão sendo mais intensos em comparação ao mesmo período em 2016.
Mas apesar de muitos associarem as condições climáticas atuais ao La Niña, resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico, o meteorologista ressalta que o fenômeno veio com fraca intensidade e já está extinto. “Mais do que a atuação do La Niña, o que influência estes eventos excessivos na região Norte é a ausência do El Niño, aquecimento das águas do Pacífico que fez com que as chuvas ocorressem abaixo do esperado no último ano”.
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Meteorologia confirma fim do La Niña
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